Alexander Green
com quem coincidi
três vezes no
ônibus.
Mãos vigorosas, fissuradas, sujas,
mãos ardentes e seguras
de
um adolescente obreiro
que
agora agarram, juntos às minhas,
a
barra de um ônibus.
São
tuas mãos tão belas, rapaz,
que
apenas me contenho:
ásperas,
curtidas, fortes.
Não
parecem as mãos de um menino!
O
que terão tocado?
O
que teriam feito?
Humildes
embora hábeis,
serenas
mas enérgicas,
são
as mãos do futuro
e
da esperança.
Tão
próximas estão de mim,
que
quase me tocam,
e
eu as queria beijar,
acariciar
morbidamente e com veemência.
Ou,
simplesmente, apertá-las contra mim
para
sentir seu calor e sua segurança,
para
desvelar outra vez suas experiências,
seus
contatos mais impudicos,
suas
aberrações mais secretas.
Seguir
a pegada de tua infância:
de
tudo aquilo que sentiram,
roçaram,
possuíram,
desarmaram
ou construíram,
em
múltiplos trabalhos ou jogos,
tuas
mãos.
De Pedro Menchén do livro Cantos de desesperación y amor
Tradução de Alexandre Bonafim