I
A
casa fala
a
áspera
língua
do
cárcere
A
casa canta
o
vazio
do
labirinto
A
casa fratura
os
ossos
contra
o silêncio
II
Um
pássaro esfacelado
contra a parede
Um
pássaro estilhaçado
contra
o espelho
Um
pássaro fraturado
contra
a palavra
III
Um
pássaro
de
amputada língua
a
cantar para dentro de si
a
cantar do âmago do sangue
cárcere
de palavras e ossos
IV
Um
pássaro cego a debater-se
contra as paredes da própria entranha
contra as grades da palavra
A
casa
ninho
de espinhos
onde
adormece
o
delicado pássaro
recém-nascido
Alexandre Bonafim
Imagens: Mike Beeman
Ficou lindo! Muito obrigada por tê-lo escrito e tão magnificamente.
ResponderExcluirParabéns, Prof. Alexandre. Este poema mexeu muito comigo, as imagens são profundas, principalmente quando o pássaro se vê estilhaçado perante o espelho. Eu particularmente adoro esses efeitos que ultrapassam os sentidos e que provocam um forte impacto em que lê. Novamente, parabéns.
ResponderExcluir