quinta-feira, 24 de setembro de 2020

PRESENÇA

 


Foto colagem de Alexandre Bonafim

O rapaz era tão belo, que não era deste mundo, 

era outro mundo ele somente, de flor e um feixe de veias. 

Olhavas para ele e era alheio, distante de ti, como um belo animal 

       [solto, 

em um universo verde de água e pradarias.   

Lançavas o olhar nele e o encontravas vivo, igual a ti, 

 mas pensavas que era uma flor, uma gazela, um junco, um lírio. 

Querias amá-lo, e resvalavas o olhar na flor da carne, 

e como olhas o que tem alma e veias e sentidos, 

o rapaz passava ante teus olhos de entrega, 

sem te ver, sem te olhar, dando morte ao teu mundo, com sua presença plena, 

para a que não existias...


Tradução de Alexandre Bonafim

Juan Barnier un: Poesía completa - Editorial Pré-textos

***

PRESENCIA

El muchacho era tan bello, que no era de este mundo,
Era otro mundo él solo, de flor y un manojo de venas.
Lo mirabas y era aparte, lejos de ti, como un bello animal suelto,
en un universo verde de agua y de praderas
ponías la mirada en él y lo encontrabas vivo, igual que tú,

pero pensabas que era una flor, una gacela con junco, un lirio.
Querías amarlo, y resbalaba la mirada en la flor de carne,
y como miras a lo que tiene alma y venas y sentidos,
el muchacho pasaba ante
tus ojos de entrega,
sin verte, sin mirarle, dando muerte a tu mundo,
con su presencia plena,
para la que no existías…

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